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Autoria: Zuzana Fabianová

Vamos encarar a realidade! O Girl Power no Field Service não peca por excesso, aliás é coisa rara. Sempre foi assim, e num futuro próximo não se espera uma grande alteração no contexto.

Field Service é para já, um emprego para homens.

No universo Wondercom é um trabalho que exige disponibilidade para trabalhar dentro e fora de horas e para se deslocar a nível nacional, exigindo por isso carta de condução. Exige também conhecimentos técnicos de telecomunicações, de eletrónica ou de eletricidade, conhecimentos na área de informática e frequentemente capacidade para trabalhar em alturas e CVPs. Por fim, mas não menos importante, exige também força física. Claro que, além de tudo isto é  necessária alguma dose de loucura e paixão para exercer esta profissão, mas isso já é tema para um outro artigo.

Acrescento desde já, que atualmente o serviço está muito bem entregue à população masculina da empresa e que está a ser executado hábil e talentosamente.

Mas, voltando ao ponto inicial: GirlPower no Field Service, é possível ou não?

Vamos então explorar um pouco os requisitos:

1 – DISPONIBILIDADE PARA ACEITAR TRABALHO EXTRAORDINÁRIO

Enquanto não temos filhos e diversos compromissos familiares, compatibilizar a vida pessoal com trabalho fora de horas é mais simples. Contudo, quando assumimos o compromisso familiar – especialmente sendo mulher – a superação desta exigência é mais labiríntica. Exige muita organização e suporte para o conseguir.

Mas, não nos podemos esquecer que atualmente já existem muitas profissões exercidas por mulheres que superam a grande exigência horária destas. Alguns dos exemplos mais radicais – enfermeiras, médicas, bombeiras, juízas, advogadas, engenheiras, polícias, militares .. etc.  Todas estas profissões são inegavelmente exercidas também por mulheres. Por isso, considero este primeiro ponto ultrapassável.

2 – CARTA DE CONDUÇÃO

Há um século, este requisito, de facto, constituía um problema que remetia para o próprio exame de condução. Nessa altura, as mulheres precisavam de ter autorização do marido para a realização do exame de condução, exceto se fossem solteiras ou viúvas. Mas, a persistência de algumas mulheres triunfou e a paixão pela velocidade deu os seus frutos.

Esse feito permitiu que, desde 1925 a profissão de taxista começasse a ser exercida por mulheres e que 1958 exista a primeira participação feminina na Fórmula 1. O nome Maria Teresa de Filippis ficou conhecido devido à polémica associada às mulheres ao volante, abrindo caminho para a participação do sexo feminino no automobilismo.

Não preciso acrescentar que atualmente é completamente habitual ver uma mulher ao volante. Por isso, o requisito número dois não merece a nossa preocupação.

 


Maria Teresa de Fillipis (competiu na Formula 1 em 1958)

 

3 – CONHECIMENTOS TÉCNICOS DE TELECOMUNICAÇÕES, DE ELETRÓNICA OU DE ELETRICIDADE E CONHECIMENTOS NA ÁREA DE INFORMÁTICA

A presença feminina nos cursos técnicos tem sido alvo de muito estudo ao longo dos últimos anos. Estes estudos, apontam para o facto de ainda existir alguma desproporcionalidade no rácio entre mulheres e homens, na formação destas áreas técnicas. Entre os fatores apontados para tal tendência, destaca-se o fato de o processo de educação das mulheres estar geralmente ligado aos papéis mais sociais, à organização do lar e uma forte influência cultural exercida pela sociedade, escolas e pela própria família. A titulo de exemplo – Desde muito pequenos que estamos habituados à ideia de um pai que passa tempo na oficina/garagem e ao exemplo da mãe a chamar pelo pai quando a tomada elétrica deixa de funcionar – Tenho consciência que este exemplo é muito redutor. Contudo, os homens desde pequenos são estimulados para problemáticas mais técnicas e as mulheres são estimuladas para uma atitude mais passiva nesta área, deixando o pai, o irmão e mais tarde o marido a tomar conta dos assuntos mais técnicos. Por este motivo, considero infelizmente que a escolha de cursos tecnológicos é uma escolha mais natural para um rapaz. O paradigma de educação na própria família terá que se alterar e de alguma forma mitigar as diferenças de educação e ensino entre rapazes e raparigas. Seria agradável ver um futuro em que filhos de ambos os sexos sabem e são estimulados para ajudar aos pais a fazer o almoço ou a reparar uma tomada elétrica. Por estas razões, considero que o requisito número 3 ainda não está ultrapassado e são precisas pioneiras.

4 – CAPACIDADE DE TRABALHAR EM ALTURAS E CVPS

Este requisito é uma questão de formação de alguns dias e da respetiva certificação.

Apesar da exigência deste ponto, é mais difícil escalar uma montanha do que subir um poste, certo? Estando este meu raciocínio exagerado correto, existem então, na história muitos exemplos de mulheres que desafiaram a sociedade e as suas próprias forças e superaram as montanhas mais altas o mundo. Só a título de curiosidade, a montanhista franco-suíça Henriette d’Angeville é considerada uma das grandes pioneiras do montanhismo feminino. Foi a primeira mulher a chegar o pico do Monte Branco em 1838.

 


Henriette d’Angeville (superou o Monte Branco em 1838)

E para levar este desafio ao extremo, ainda mais alto do que Monte Branco é o espaço! Na manhã do dia 16 de junho de 1963, a cápsula espacial soviética Vostok entrou na órbita terrestre. No comando desta estava Valentina Tereshkova, que aos 26 anos se tornou a primeira mulher a ir ao espaço.

 


Valentina Tereshkova (primeira austronauta)

Vamos agora explorar as CVP´s – mais profundas do que as CVP´s são as minas, disso não há dúvida. Só há pouco tempo, o nosso Portugal abandonou uma Convenção com 83 anos que proibia empregar mulheres em minas. Mas, a primeira mulher portuguesa começou a trabalhar numa mina em 2003. O nome dela é Lucinda Batista.

Lucinda Batista (primeira mineira em Portugal)

Deste modo, com alguns exemplos extremos que vos apresentei considero que o ponto quatro com a formação e certificação devida pode ser perfeitamente superado.

5 – FORÇA FÍSICA

É de conhecimento geral que a capacidade de desempenho físico depende do sexo. Existem muitas diferenças nas características fisiológicas entre homens e mulheres. Enquanto os homens possuem maior massa muscular, as mulheres apresentam maior percentual de gordura corporal. É igualmente importante que seja levada em consideração, quando se trata de esforço físico e saúde, a ocorrência de lesões como fraturas. A população feminina apresenta maior incidência deste tipo de lesão que a população masculina. Ou seja, as mulheres estão claramente em desvantagem.

Mas, vamos então aos nossos exemplos exagerados. Uma das senhoras que conseguiu com sucesso contrariar a ciência e os preconceitos foi a polaca Aneta Florczyk, que nasceu em 26 de fevereiro de 1982.  Foi a primeira atleta da Polónia, a quebrar a barreira de 500 kg em levantamento de peso, apenas com 75 kg de peso corporal.


Aneta Florczyk (levantou 500Kg)

Assim, o 5º requisito traz vantagem aos homens, mas com força de vontade, trabalho físico e algumas horas de ginásio, as mulheres pode superar este ponto e ter força física para o trabalho no Field Service.

Ainda que seja raro, pioneiro e exigente, a Wondercom tem e já teve técnicas Field Service. Fiz questão de conversar com elas e perceber quais são as razões que as levaram aceitar esse desafio e como é seu dia-a-dia.

A primeira senhora com quem conversei foi a Nádia Santos.

A Nádia mudou-se para Portugal atrás de um sonho de uma vida melhor. Quando chegou, o seu marido Michel já trabalhava como técnico Field Service na operação FTTH da Wondercom. O Michel necessitou de um ajudante e abordou a sua esposa que aceitou o desafio com muita coragem. Começou do zero e acrescenta que “puxar cabos” não é nada fácil. Pouco a pouco, habitou-se à rotina e aprendeu como configurar equipamentos e como gerir as aplicações utilizadas na operação.

Quando perguntei se os clientes não ficam admirados por lhes aparecer à porta uma técnica para instalação do serviço de telecomunicações, a Nádia riu-se e disse que no início de intervenção raramente recebia crédito por parte dos clientes. Só quando começava a colar o cabo, a fazer configurações e a responder a todas as dúvidas é que ganhava a confiança dos clientes e estes ficavam conquistados pela sua expertise técnica e simpatia. A Nádia atuou no território da Margem Sul em Almada, Seixal, Montijo e Palmela.

Atualmente, a Nádia já não se encontra a trabalhar connosco mas guarda boas recordações e quem sabe, um dia ainda regressa, uma vez que a rotina do Field Service a deixou com muitas saudades.

Do nosso lado desejamos-lhe as maiores felicidades do mundo!

 


Técnica FS – Operação FTTH Wondercom – Nádia Santos

 

Conversei também com a Maria Manuela Pires Barrocas, que está na operação Vodafone desde 2013. Tendo anteriormente tido uma longa experiência na operação PT, sempre como técnica Field Service.

Muito bem disposta e energética, explica que com foça de vontade tudo se supera e que as mulheres têm também imensa capacidade de aprender. Citando a Maria Manuela, “Nós mulheres também temos capacidade para fazer o que os homens fazem”.

Em 2013 tirou o curso de Fibra ótica no Centro de Formação Profissional da Indústria Eletrónica, Energia, Telecomunicações e Tecnologias da Informação (CINEL) e constituiu uma equipa de DROP com o marido. Em conjunto trabalham na zona de Sintra e Maria Manuela afirma que adora a sua profissão. Ela abre as CVPs, ajuda a definir o percurso de FO, ajuda a passar a fibra mas é o marido que sobe aos postes e efetua fusões.

Nas instalações no Cliente, a Maria já adianta o trabalho, cola o cabo, faz a configuração dos equipamentos, dá formação ao Cliente e arruma todos os resíduos resultantes da intervenção. É ela e o marido que cuidam e gerem o stock.

Fiquei muito sensibilizada quando a Maria Manuela me afirmou que, o que lhe dá mais prazer, é ver o cliente feliz e satisfeito no final da intervenção.

Quando perguntei se teve alguma história mais estranha, a Maria Manuela confessou que o período mais estranho que passou foi o início da pandemia. A equipa entrava para a casa dos clientes com todos os EPI vestidos, pezinhos, luvas, máscaras e os clientes em pânico, observaram à distância o trabalho da equipa e apressavam-se a desinfetar tudo em que a equipa mexia. Foi muito dificil, mas felizmente, agora está tudo muito mais calmo.

 


Técnica FS – Operação FTTH Wondercom – Maria Manuela Pires Barrocas

 

É também de referir que a Maria Manuel traz muitos novos clientes e não se cansa de fazer bem à operação FTTH Wodercom.

Da nossa parte queremos agradecer-lhe o excelente trabalho e a dedicação notável.

É de facto uma coisa rara encontrar mulheres no Field Service, mas elas por vezes brindam-nos com o seu brilho e fazem o seu trabalho com muita dedicação e paixão.

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