Skip to main content
Autoria: Samuel Cruz
Departamento de Sistemas de Informação

Desde Novembro de 2022, mês do lançamento do ChatGPT pela OpenAI que o tema da inteligência artificial foi massificado e posto à disposição, com possibilidade de utilização gratuita da grande maioria das pessoas. Esta tecnologia que não é nova, nem propriamente recente, estava apenas ao alcance de alguns grupos profissionais. A massificação abriu a caixa de pandora e com isso surge um sem número de possibilidades para a sua utilização, nem todas elas benéficas para a sociedade em geral. Em simultâneo surgiram imediatamente modelos de negócio satélite que se alimentam do ChatGPT.

No mundo académico estes modelos de linguagem podem ter impactos negativos na aprendizagem dos alunos, uma vez que lhes permite produzir textos, ensaios, até teses que incluam conhecimento que estes efectivamente não desenvolveram. O departamento de educação da cidade de Nova York acabou mesmo por bloquear o ChatGPT nas suas redes (The Guardian).

É aqui que convém lembrar que estes modelos de linguagem não geram novo conhecimento. A inteligência artificial à data de hoje fornece os mecanismos para que unidades computacionais adquiram, processem e memorizem conhecimento. São alimentados por dados que já existem, escritos ou gerados por humanos. A criação de novo conhecimento ainda está, quase na sua totalidade, reservada aos humanos. Um dia seremos substituídos por novos modelos de Super Inteligência, mas ainda não estamos lá.

Com a corrida de alunos universitários ao ChatGPT para produzir trabalhos académicos, surgiram quase que imediatamente alguns serviços, alguns pagos, que permitem detectar com um elevado grau de certeza, se um texto foi escrito por um modelo de linguagem artificial. Naturalmente que os principais clientes destes serviços serão professores e instituições académicas. Na sequência do lançamento destas ferramentas de detecção foram produzidas outras ferramentas que permitem alterar os textos gerados por modelos de linguagem como o ChatGPT de forma a que não sejam detectados pelos AI detectors. É o jogo do gato e do rato dos tempos modernos.

Também no mundo empresarial estes modelos de linguagem oferecem um sem número de possibilidades bem como um conjunto considerável de ameaças. Com a sua capacidade de adquirir e processar quantidades astronómicas de dados num curto espaço de tempo, esta tecnologia tem a capacidade de potenciar bastante o desenvolvimento das organizações. O “erro humano” pode ser reduzido drasticamente com a utilização de ferramentas de AI. Os computadores não cometem erros se forem programados corretamente. Com a Inteligência Artificial, as decisões são tomadas a partir de informações previamente recolhidas aplicando um determinado conjunto de algoritmos. Se os dados forem bons, as decisões serão boas. Os modelos de AI, ao contrário dos humanos não se cansam nem ficam aborrecidos mesmo que façam tarefas repetitivas, para além de serem capazes de tomar decisões num menor espaço de tempo.

Na outra face da moeda temos tudo aquilo em que as máquinas estão longe de nos alcançar. O factor humano de tudo. Não há dúvida de que as máquinas são muito melhores quando se trata de trabalhar com eficiência, mas não conseguem ainda substituir a ligação humana com que se constrói uma boa equipa, uma vez que não conseguem desenvolver laços com os humanos, um atributo essencial numa organização. A Inteligência artificial também não consegue ainda “pensar fora da caixa”. Na verdade, a caixa é tudo o que conhecem.

Naquele que é um debate comum nos dias de hoje, se estas tecnologias vão acabar por nos ajudar ou prejudicar, a minha opinião é que cabe aos seres humanos moldá-la para que nos ajude a criar um mundo melhor. Teremos certamente de mudar para nos adaptar a ela, e ela terá de ser adaptada a nós.

© 2023 WONDERCOM GROUP. All Rights Reserved